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DA MINHA JANELA...
Quero olhar além do horizonte. E às vezes aqui tão perto.
domingo, 26 de outubro de 2014
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Avante!
Mais um Verão que se aproxima
do fim, e com ele chega a Festa do Avante. Presença obrigatória há longas
décadas no desfile de eventos festivos que alimentam o Verão.
É um acontecimento com um
forte cunho cultural embora com uma tendência marcadamente de esquerda como não
podia deixar de ser.
E ainda me lembro que alguma
gente da direita, por esta ocasião, vestia uma camisa ao xadrez, arregaçava as
mangas e trauteava umas músicas do Zeca.
Políticamente era uma atitude
saudável, e socialmente era ‘chique’.
Este ano fiquei espantado com
os preços dos ingressos. Vão de 21€ a 32€, conforme sejam adquiridos antes, ou
durante a festa.
Ó camaradas digam lá. Esta
festa não é de, e para o povo? Esse tal povo que conforme vocês apregoam é composto pelos operários,
oprimidos, desempregados e explorados?
Então com estes preços, a saga
não continua? Já fizeram as contas, a quanto uma família tipo, de 3 pessoas
gastará só para entrar? E se a isso juntarmos a ‘bucha’, e uma lembrança, já
que a foice e o martelo lá de casa já estão enferrujados, sinceramente é um
esforço orçamental que não está ao alcance de muitos.
Com camaradas destes…
Bem sabemos que um evento
desta envergadura tem que realizar lucro,- palavra que há uns anos atrás era
maldita nos vossos discursos – mas não quererem declarar esses lucros, alegando
que não conseguem controlar a quantidade de sandes e cafés que se irão vender,
bem como as milhares de cervejas, águas , refrigerantes e refeições, é
inacreditável.
E nós camaradas? Os que
vivemos nesta ‘Festa’ diária de luta pela sobrevivência dos nossos negócios?
Temos que dar fatura por cada
transação, temos os programas dos computadores certificados e o Saf-t.
E vocês? É o ‘Safa-te’?.
Esperam-se milhares de
visitantes na Festa do Avante, mas saberem quantos são, também não conseguem.
Segundo o camarada Alexandre Araújo, membro do secretariado do comité central
do PCP e da direção da festa, <<são
dezenas de milhares de pessoas. Não damos relevo aos números. Não damos para
esse peditório.>>
Porquê? Esqueceram-se de
numerar os ingressos?
Achei esta resposta brilhante
e vou adotá-la este ano quando o ‘fisco’ quiser saber quantas faturas passei.
Vou dizer que não sei, que não ligo a números e que para esse peditório já dei.
Pode ser que resulte. Obrigado pela ideia camaradas.
Com isto tudo chego à
conclusão de que vocês refilam… refilam…, mas afinal são farinha do mesmo saco.
Mesmo não partilhando da
ideologia comunista, quero desejar muito sinceramente sucesso para a festança
que hoje começa.
Jonas
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Canção Rap
Tu que falas de mim
com tanta convicção
anda daí comigo
dá-me a tua mão.
Vou mostrar-te a minha origem
vais ouvir esta canção.
Sou filho do gueto.
Meu pai
tem calos nas mãos.
Minha mãe
perfume de gordura.
Meu irmão morre no beco
cabeça vazia de futuro
sangue podre de ilusão.
Minha irmã quis sonhar diferente
e acabou na noite escura
a limpar o corpo sujo
do suor do cliente.
A minha razão
está no punho fechado
e descarrego a sentença
no nariz
daquele que passa e cospe p’ro lado.
Não quis ser diferente.
Nem escolhi ser marginal.
Mas não fico indiferente
quando me chamas
lixo social.
O meu futuro
é o presente.
O meu sonho
é vazio.
Procuro a tua palavra ausente.
Um gesto que me oriente
nesta selva de amargura.
E só encontro
a indiferença
Nua e crua.
Tenho tatuagens da prisão
marcadas a fogo e ódio.
Deixa passar o demónio.
Deixa passar a maldição.
E sinto o olhar da exclusão.
Apontas-me o dedo acusador.
Sou ladrão assassino e raptor.
Tratas-me como ser inferior.
Mas tu e eu
nascemos da mesma dor.
Mas tu e eu
nascemos da mesma dor…
Jonas
domingo, 26 de janeiro de 2014
Um… em dois…
Li uma notícia verdadeiramente
interessante àcerca de um deputado do nosso parlamento que cometeu a proeza de
conseguir estar em dois locais simultâneamente.
Ele estava presente na sessão
parlamentar – e com muita atenção ao debate, sem dúvida - e ao mesmo tempo estava no Brasil – a tratar
de assuntos -.
- Fantástico – pensei eu –
aqui está um exemplo para o país. Um deputado que se desdobra em dois em prol
da causa pública. Como terá conseguido?
A resposta é fácil. Este ‘chico-esperto’,
pago por todos nós, aproveitou o facto de os nossos deputados não terem lugar
cativo na assembleia e a assiduidade ser validada através da introdução da
password de deputado em qualquer dos computadores existentes nos lugares, para –
calculo eu – pedir a algum ‘amigalhaço’ que lhe registasse as presenças.
Mais uma vez somos
confrontados com um mau exemplo do abuso do poder que depositamos nas mãos
desta gente.
O descrédito é enorme e
atitudes destas não contribuem em nada para aliviar a péssima imagem que temos
dos políticos e dos meandros onde se movimentam.
Será que podemos sonhar algum
dia com o fim deste ‘ chico-espertismo’?
Jonas
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Corte nas bolsas… de investigação
Estes tipos do
governo são brilhantes.
Arranjaram maneira
de acabar com a emigração dos nossos jovens.
Vermos os nossos filhos, recém
licenciados e altamente qualificados, a emigrar à procura de uma oportunidade
de futuro que este país não lhes consegue proporcionar, é doloroso.
A partir dos anos 60 do séc.
passado, Portugal foi um exportador de capital emigrante altamente qualificado do ponto de vista humano, mas bastante deficitário técnicamente.
Eram ‘braços de trabalho’ que
estavam adaptados às necessidades dos países de acolhimento.
Hoje a realidade mostra-se
diferente. Temos países de acolhimento com necessidades de mão de obra com
grande incorporação tecnológica, e temos um país que formou técnicos mas que esqueceu de criar condições internas
para os absorver.
Conclusão. Temos gente
altamente qualificada sem ocupação. O nosso primeiro ministro resolveu o
problema com uma frase histórica, aconselhando-os a emigrar.
Este conselho teve custos
sociais e políticos que todos lembramos.
Havia que fechar a torneira, e
os nossos governantes ‘cozinharam’ uma solução em lume brando.
Se eliminarem a causa deixa de
haver a consequência.
Brilhante, não acham?
Se não houver gente altamente
qualificada, não temos esta mais valia intelectual para exportação.
Assim sendo, o governo decidiu para já, um corte verdadeiramente
drástico na concessão de bolsas para a investigação.
Fala-se na redução da
escolaridade obrigatória para níveis do
antigamente.
Será verdade?
Que austeridade é esta que
obriga a fazer corte no nosso capital intelectual?
Imaginam as consequências
desta medida?
E depois quando quiserem
recuperar?
Não é como pedir mais uns
euros emprestados e por a maquinaria a funcionar.
Estamos a dar cabo de mais uma
geração de jovens com grandes potenciais, por vergonha?
Eliminando o que temos de
melhor ficamos com um excedente que é mediano, se não medíocre.
Vamos ter que exportar este
excedente humano. O problema mantém-se, mas a qualidade desce perigosamente.
Numa opinião muito pessoal,
acho que quando este cenário se tornar realidade, devemos exportar os ‘melhores
produtos’ desta nova linha de pensamento.
Os nossos políticos.
Mentes tão brilhantes,
necessitam de outras paragens para mostrarem as suas potencialidades.
Mas existe um problema.
Ao contrário do que acontece
com os nossos jovens que são bem acolhidos lá fora, onde vamos arranjar um país
que queira esta gente?
Jonas
domingo, 29 de dezembro de 2013
Uma história para um amigo
Imagina-te o protagonista desta história.
Num maravilhoso dia de sol,
decidiste fazer um passeio pela bonita avenida marginal da nossa Figueira da
Foz.
Se assim o pensaste, melhor o
fizeste. Contemplar o mar e meditação foram as tuas companhias até que de
repente os teus sentidos são despertados por uma visão feminina que se
aproxima, sem dúvida fruto de um dos melhores momentos de inspiração da mãe
natureza.
Pernas longas, elegantes, de
uma simetria escultural que conduziam o olhar a um traseiro roliço e firme.
Este conjunto era embalado por um balanceio salpicado de sensualidade e
exotismo.
Tu, como ‘machon’ que és, não
ficaste indiferente. O teu olhar e a tua imaginação acompanharam demoradamente
a passagem daquela visão celestial.
- Maldita a hora – irás tu
dizer mais tarde.
É que perdido que estavas na
contemplação não te apercebeste e deste uma valente ‘trolitada’ numa das árvores
existentes no percurso e da qual resultou um ferimento na testa, com
sangramento abundante e uma dor lancinante.
Estavas sentado no muro de
proteção a amaldiçoar a tua vida, quando passou por ti um tipo do bloco de
esquerda (BE), - daqueles irritantes e irritados por natureza – que ao ver-te
naquele estado quis saber o que se tinha passado. Após o relato do acontecido,
a primeira coisa que ele fez, foi verificar o estado da árvore. Para teu azar,
quando bateste com a cabeça na árvore lascaste um pouco do tronco, e isso foi o
suficiente para que a fera se soltasse.
- Francamente senhor. Isto é
uma atitude verdadeiramente capitalista. Para satisfazer o seu prazer pessoal passa por cima de tudo e
de todos. Nem a natureza foi poupada ferindo uma árvore que demoraou décadas a
atingir este porte – e virou-te as costas sem se dignar olhar para o teu
ferimento.
Ainda estavas com um olhar de
incredulidade estampado no rosto, quando se acercou de ti um comunista (PCP),
que com um ar muito camarada logo ficou a par da situação.
Mais uma vez a reação foi
inesperada.
- O quê? Então o senhor usa
uma pessoa do povo para satisfazer a sua luxúria? Não bastava o povo ser
oprimido, ainda vai ser transformado em objeto sexual?
O corpo é de quem o trabalha,
seu fascista – disse o comunista já vermelho de cólera e seguiu caminho sem uma
mísera palavra de conforto pelo teu sofrimento.
Estavas um ‘caco’. Como se não
bastasse o incómodo do ferimento que não parava de sangrar, ainda tinhas que
ouvir estas barbaridades.
Ao reparar no teu estado, abeirou-se
de ti um transeunte engravatado e de aspeto cuidado, com filiação socialista
(PS). Muito solícito, ouviu a tua história e num impulso instintivo rodou a
cabeça em todas as direções, na expectativa de encontrar tal beldade. Como não
tivesse sucesso, pediu-te que fizesses uma descrição pormenorizada da figura.
- Isto é só para avisar as
forças de segurança – justificou-se ele um pouco embaraçado.
- Uma pessoa destas tem que
ser detida para evitar a ocorrência de mais algum acidente grave – insistiu ele
tentando disfarçar a verdadeira razão. Estava desejoso de provar o fruto
proibido, mas vestindo o seu papel oposicionista descarregou em cima de ti.
- Mas deixe que lhe diga. Então o senhor em
vez de concentrar as suas energias na busca de alternativas de solução para os
graves problemas que nos afetam, vai perder tempo com uma galdéria e
sobrecarregar o sistema nacional de saúde com a despesa do seu curativo? Passe
bem!
E dizendo isto, o ‘gravatinha’
seguiu caminho sem a menor compaixão pelo teu estado.
Isto estava cada vez pior. Se
aparecia um que matava, logo aparecia outro que esfolava.
Estavas completamente
desanimado quando passaram por ti duas pessoas, que pela maneira como
gesticulavam e abanavam a cabeça ora concordando, ora discordando do que
diziam, se identificavam como sendo da coligação governamental (PSD/CDS).
Mostraram de forma espontânea uma grande vontade de saber o motivo do acidente
que tinhas sofrido.
- Mas isso é fantástico –
disse um deles, - é de pessoas como o senhor que o país precisa. Não podemos
andar por aí a pensar só nos problemas e a ficar depressivos. Temos que olhar
para o que a vida tem de belo e que nos pode levantar o moral. Meu amigo, o senhor
está de parabéns, vamos fazer de si um exemplo nacional.
O outro olhando para o teu
aspeto disse.
- Mas primeiro temos que
tratar desse ferimento. Vamos conduzi-lo a uma clínica aqui perto. – Como isso
é um serviço pago na hora e disseste que de momento não tinhas dinheiro
contigo, os dois benfeitores entreolharam-se e disseram em uníssono
- Pois então meu senhor, não podemos fazer
nada. Vai ter que recorrer aos serviços do hospital mais próximo. As melhoras.
E dizendo isto voltaram-te as costas e
retomaram a conversa animada que tinham interrompido.
Agora é que estavas a ficar
desesperado. Quando finalmente tinhas visto uma luz ao fundo do túnel, tudo
voltava ao mesmo por causa do maldito dinheiro.
É nesta altura que passa por
ali o Zé, de mãos nos bolsos e passada descontraida, que ao ver o teu aspeto
miserável decide indagar a razão de tal situação. Completamente descrente na
humanidade das pessoas lá contas mais uma vez a tua aventura, receando desde logo a sua reação.
O Zé sentou-se a teu lado e
soltou uma gargalhada.
- Ó amigo. A ‘gaja’ devia ser
boa como o milho – disse ele soltando de imediato um assobio estridente. – Por um
‘avião’ desses não me importava eu de dar um trambolhão. Mas você está todo
esmurrado homem, temos que tratar rapidamente disso.
- Mas… eu não trago dinheiro comigo, - disseste
tu com a voz embargada pela certeza da resposta.
- Dinheiro? – inquiriu o Zé
com uma expressão de espanto. – Alguém lhe pediu alguma coisa? Tenho comigo
algum que deve dar para se tratar esse ferimento e bebermos um copo.
E posto isto, perante a tua expressão
de espanto agarrou-te pelo braço e partiram à procura da farmácia mais próxima.
Acabaste de ler uma história
de ficção, mas que pretende ainda que de
uma forma descontraida ser o retrato atual do nosso Portugal.
O país sangra.
Uns ralham, mas perante a
visão da hemorragia assobiam para o lado porque não têm solução de tratamento.
Outros armados em curandeiros
aparecem com mesinhas que sabemos não serem mais que placebos para o tratamento deste ferimento.
Por último, como doutores nessas
matérias, aparecem estes armados das ferramentas adequadas para o tratamento do
mal, mas por falta do saber e da experiência não conseguem estancar a
hemorragia.
Perante esta dura realidade,
os únicos em quem realmente podemos confiar, são os ‘Zés’. Somos nós, enorme
massa anónima que sofre na pele os erros passados e os presentes, que
comprometem um futuro que sonhamos risonho para os nossos filhos.
Somos nós que perante a visão
de quem sofre mais do que nós, disponibilizamos uma parte do pouco que temos
para lhes minimizar a dor. E quando mais não há, uma palavra de esperança e
confiança em dias melhores é sempre bem vinda.
2013 está na reta final.
Cada um saberá dizer o que ele
teve de positivo e negativo nas suas vidas.
Para 2014 gostaria de desejar
muita coisa a todos, mas como corro o risco de ser considerado um idilista,
fico-me por um conceito mais simples.
Vamos acordar cada manhã com
vontade de fazer desse dia, um dia especial. Mesmo que a adversidade nos dobre,
vamos tentar não quebrar.
Não devemos fazer depender a
nossa felicidade dos bens materiais que gostariamos de adquirir, mas sim partilhando
a riqueza interior com aqueles que nos são queridos. Esta sim é uma experiência
verdadeiramente enriquecedora.
Um grande abraço
Jonas
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O presépio nos bombeiros
Está de parabéns o sr.
Caldeira, ao reatar uma tradição já com longos anos, que é a elaboração de um
vistoso presépio nas instalações dos bombeiros voluntários da Figueira da Foz.
O presépio é composto por dezenas
de peças em barro, representativas dos usos e costumes de uma época longínqua e
vale a pena apreciar alguns pormenores de movimento que dão um aspeto mais
realista a toda a composição.
Estes são motivos mais que
suficientes para justificar uma visita demorada ao presépio, que estou certo,
encantará tanto a miúdos como a graúdos.
Jonas
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